Este site é uma construção poética e fragmentada que se desenha como um livro de artista virtual. Minha pesquisa, iniciada em 2024, parte do desejo de compreender o encontro entre o orgânico e o industrial — uma tensão que se manifesta não apenas na matéria, mas também no simbólico, no corpo e nas imagens. Essa intersecção tem como uma de suas chaves teóricas o conceito de corpo ciborgue, proposto por Donna Haraway
Minha investigação se interessa justamente por esse ruído entre camadas: o momento em que o toque humano encontra o traço mecânico, quando a imperfeição da pele resvala no rigor da máquina. A pesquisa se desdobra numa estética que busca tensionar essas duas facetas — o calor do gesto e a frieza do sistema, a carne e o circuito. Através da sobreposição de linguagens, como a fotografia transferida sobre desenhos técnicos, procuro mapear essa zona ambígua onde o corpo se torna engrenagem e a máquina, quase pele. O resultado é um jogo visual entre o erro e a precisão, entre o afeto e o dado, entre o íntimo e o impessoal. Este site funciona, assim, como um espaço de arquivamento sensível: um memorial do atrito entre o vivo e o programado.Este memorial serve para contextualizar essa jornada de navegação como uma experiência sensível: um limbo entre corpo e dado, toque e clique. Aqui, o digital não simula o real — ele o invoca, o dobra, o reconstrói em sua própria lógica.